“Os povos indígenas têm uma forma de educar diferente, não é permitido que o conhecimento fique centralizado em uma pessoa só, senão essa pessoa domina os outros. O certo é unir toda comunidade e compartilhar o conhecimento”. Essa reflexão foi trazida pelo palestrante Cacique Rosivaldo Ferreira, conhecido como Babau de Tupinambá, durante explanação na Aula Magna da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O evento ocorreu na manhã desta quarta-feira (16), no Anfiteatro, Módulo II na Uefs, e teve como tema “O que à luta dos povos indígenas tem a nos ensinar?”
Diferente do que ocorre na cultura do homem branco, na indígena o conhecimento é descentralizado e transmitido dos mais velhos aos mais novos. Na aldeia indígena, o respeito é mútuo. “Estamos em aprendizado constante, sempre respeitando os mais velhos, que dividem o que sabem com todos. Vivemos em aldeias, mas cada uma possui sua independência”, explicou o Cacique Babau, que é uma das grandes lideranças indígenas do pais, da terra Tupinambá da Serra do Padeiro, localizada na região que compreende os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema.
O reitor da Uefs, professor Evandro do Nascimento, deu boas-vindas à comunidade acadêmica e destacou a pertinência do tema abordado no evento e destacou à luta dos povos indígenas contra o processo colonizador e também as novas lutas diante do atual contexto político e o papel das universidades como forma de resistência.
Em sua fala, a Coordenadora de Cultura e Desporto do Sintest-Ba/Uefs, Maria Rita Carneiro Suzarte, saudou cordialmente a mesa e deu boas-vindas à comunidade acadêmica, e destacou a importância da temática.
“A atualmente percebe-se um aumento de visibilidade. Principalmente com as ações do atual governo federal, podemos citar por exemplo, a nomeação dos cargos de órgãos indígenas, como na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para representantes não-indígenas ligados a partidos políticos, medida que tem contribuído para o aumento da violência, que é visível no nosso país. Soma-se a essa questão a desestruturação da Funai”, explicou Rita Suzarte. Confira o discurso na íntegra.
Participaram da Mesa de Honra da Aula Magna, o reitor da Uefs, professor Evandro do Nascimento, Maria Rita Carneiro, Coordenadora de Cultura e Desporto do Sindicato dos Trabalhadores de Educação do Terceiro Grau do Estado da Bahia (SINTEST), Jucelho Dantas da Cruz, diretor da Associação de Professores da Universidade Estadual de Feira de Santana (ADUFS), Ângelo França, indígena do povo Kaimbé, graduado em Filosofia pela Uefs e Marcius Almeida, representando o governador Rui Costa.
A abertura do evento contou também com uma apresentação cultural do grupo musical Coisa de Índio e com a intervenção poética do movimento Linguativismo, que reúne estudantes e professores de Letras da Uefs.
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