A Aula Magna do semestre 2023.1 da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), foi realizada pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Alysson Mascaro, por indicação do Comitê Antifascista em Defesa das Liberdades Democráticas para discutir “Fascismo no Brasil, a luta antifascista e o papel das universidades públicas”. O professor Alysson é doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP, livre-docente da instituição, e já lançou alguns livros discutindo o fascismo e suas complexidades. O último, de 2022, que também foi lançado na UEFS nesta terça-feira (14), chama-se crítica do fascismo.
Na sua conferência, Alysson Mascaro mostrou como o paralelismo histórico evidencia que a ameaça fascista não começou, nem se encerrou nas urnas e que este é um momento crítico em que os enfrentamentos não devem ser arrefecidos em nome de uma falsa impressão de que as ameaças recuaram, uma vez que a grande mola propulsora para sua existência e manutenção é o capitalismo e a forma como este molda as relações. Esta é uma desconstrução, segundo o professor, que deve ser feita cotidianamente dentro das universidades.
Os aparatos educacionais das universidades brasileiras não devem ser utilizados para superar todo aquele que quer superar as contradições da sociedade capitalista. Para o professor, desde a década de 70 nas instituições brasileiras, combater o fascismo significa fortalecer o liberalismo: “Não fale contra o capitalismo, melhore-o! Isso quer dizer que desde aquele tempo nós renunciamos a leitura concreta, científica e material a respeito do fenômeno do fascismo porque o nosso limite é o mesmo do intelectual dos Estados Unidos e da Europa. Nós só podemos constatar mazelas internas ao capitalismo aqui, ali e acolá, mas jamais poderemos constatar as mazelas do capitalismo”, afirma o professor Mascaro.
Em sua análise ele faz uma crítica às limitações colocadas no cenário intelectual brasileiro que continua refém, em grande medida, dos cenários estrangeiros, e mostra como a esquerda brasileira se associa às demais nas reflexões que mantém o capitalismo como modo-de-produção inquestionável. Enquanto este pensamento dominar as instituições contra o enfrentamento das mazelas do capitalismo, o fascismo permanecerá como uma ameaça constante. Para o professor, “a universidade deveria ser pólo central na formulação de ciência contra o fascismo e na educação crítica da sociedade”.
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