Mulheres, Trabalho e Interseccionalidade em Foco: Sintest-BA realiza Conferência Livre em preparação para a 5ª CNPM

 

Com o tema “Mulheres na Luta Sindical: Trabalho, Dignidade e Interseccionalidade”, o Sintest-BA promoveu, na manhã desta sexta-feira (25), uma Conferência Livre em preparação para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), que ocorrerá em setembro, em Brasília. O evento aconteceu no Auditório 2 do Módulo 1 da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e reuniu servidoras, servidores e estudantes em um espaço de diálogo e reflexão sobre os desafios enfrentados pelas mulheres nos espaços de trabalho, especialmente no contexto sindical.

A data do evento também marcou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra (Brasil), um momento simbólico que reforçou ainda mais a importância das discussões promovidas durante a conferência. A escolha do dia evidenciou o compromisso do sindicato em valorizar a luta histórica das mulheres negras por reconhecimento, justiça e equidade.

A atividade foi conduzida por Daiana Alcântara, diretora geral do Sintest-BA – Uefs, e por Dart Clair Cerqueira, diretora do SindSaúde e presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM) de Feira de Santana. O momento contou ainda com a participação cultural do grupo Samba de Mães, que trouxe a força da cultura afro-brasileira para o centro do debate político.

Durante o encontro, Juciara Alves, coordenadora geral do grupo Samba de Mães, ressaltou a importância das mulheres nas religiões de matriz africana, destacando o papel fundamental que exercem na preservação da cultura, da fé e da resistência: “É com muito orgulho que reafirmamos nossa identidade e levamos nossa voz para além dos muros dos nossos espaços sagrados. Ao incluir nossa cultura em espaços de debate e construção política, também enfrentamos de forma direta o racismo religioso que ainda persiste em nosso país, alimentado, muitas vezes, pelo racismo institucional. Trazer nossa ancestralidade, nossa fé e nossa expressão cultural é um ato de resistência. E resistir, para nós, é afirmar nossa existência com dignidade e força”, ressaltou.

Entre os destaques da conferência, a palestrante Lorena Margarida Menezes trouxe uma fala potente sobre interseccionalidade, abordando como gênero, raça, classe e outras opressões se cruzam na vida das mulheres: “É imprescindível que as mulheres negras assumam posições de fala e de protagonismo nos espaços que historicamente nos foram negados. Frequentemente, ao expressarmos nossas opiniões com firmeza, somos estigmatizadas como ‘raivosas’ ou ‘agressivas’ um reflexo do racismo estrutural e do sexismo que insistem em deslegitimar nossas vozes. No entanto, é justamente esse posicionamento que rompe com o silêncio imposto e afirma nossa existência política. O que é lido como raiva, na verdade, é resultado de uma trajetória de resistência, dor e luta. Não podemos e não devemos baixar a cabeça. A interseccionalidade nos permite compreender como gênero, raça, classe e outras dimensões da desigualdade se entrelaçam em nossas vidas e, por isso, nossa presença ativa no debate é não apenas necessária, mas urgente”.

Em sua fala de abertura, Daiana Alcântara destacou a relevância do momento: “A realização dessa conferência é um passo fundamental para garantir que as vozes das mulheres trabalhadoras, especialmente as que atuam no serviço público e na luta sindical, sejam ouvidas em nível nacional. Debater o trabalho, a dignidade e a interseccionalidade é urgente, pois são temas que atravessam nossa realidade cotidiana. As mulheres enfrentam jornadas múltiplas, invisibilizações e violências estruturais. Precisamos estar organizadas para transformar esse cenário.”

A Conferência Livre promovida pelo Sintest-BA representou um importante espaço de escuta, articulação e construção coletiva de propostas que serão levadas à etapa nacional. Realizada em uma data simbólica para a luta das mulheres negras, a atividade reforçou o compromisso do sindicato com uma luta sindical que reconheça a pluralidade das experiências femininas e promova a equidade de gênero e raça em todos os espaços.

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