Na tarde de segunda-feira (11), a diretoria do SINTEST-BA participou da solenidade de abertura da 6ª edição do Novembro Negro da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), realizada no anfiteatro do módulo 2. O evento marcou o início das atividades com apresentações culturais e reflexões sobre a luta contra o racismo.
A cerimônia contou com a apresentação da Orquestra Sinfônica da UEFS, que emocionou o público com interpretações de canções de importantes artistas negras como Elza Soares, Alcione, Sandra de Sá, Iza, Margareth Menezes e Liniker, homenageando essas vozes potentes da cultura afro-brasileira.
Durante a solenidade, a reitora da UEFS, Amali Mussi, destacou as várias ações desenvolvidas pela instituição nos últimos anos, com ênfase na implementação do sistema de cotas. Em seu discurso, ela reforçou o convite à comunidade acadêmica para se engajar nas discussões e atividades programadas para o mês. “O Novembro Negro é, hoje, uma pauta de luta fundamental para a nossa universidade. A participação de toda a comunidade nesse evento é uma maneira de respondermos com a produção de conhecimento e com propostas concretas de transformação social”, ressaltou a reitora.
A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) também marcou presença no evento. Em sua fala, ela destacou a importância de aprofundar o debate sobre a questão racial nas universidades. “Esse é um tema que precisa ser discutido de forma mais incisiva nas instituições de ensino. Não podemos continuar enxergando o mês da consciência negra apenas como um momento de celebração. Celebrar é fundamental, mas é ainda mais urgente promover uma discussão mais profunda sobre o papel das mulheres e dos homens negros na estrutura socioeconômica do Brasil. Nosso debate deve ir além, questionando de forma mais crítica a posição socioeconômica e política da população negra, que é o que nos mantém em uma condição de extrema vulnerabilidade dentro do sistema do nosso país”, destacou.
Para a pró-reitora Joelma Oliveira da Silva, a concepção de “bem-viver” vai além da simples sobrevivência; ela está intrinsecamente ligada à dignidade humana. “Trata-se de garantir que todas as pessoas tenham acesso a condições adequadas de vida, como uma alimentação saudável, vestuário digno e moradia segura. Mais do que isso, o bem-viver exige a promoção da equidade, através de políticas de proteção social, combate à pobreza e inclusão. Quando falamos em bem-viver, estamos falando das lutas da população negra por justiça social e igualdade, reconhecendo e valorizando seus modos de ser e existir”, disse.
A diretora do Sintest-BA, Daiana Alcântara, esteve presente no evento e destacou a relevância do debate. “Estar aqui é reafirmar nosso compromisso com a luta pela equidade racial e pela dignidade da população negra. Precisamos discutir não apenas os desafios que enfrentamos, mas também as soluções que promovem justiça social e as políticas públicas para o fortalecimento dos pleitos. Este ano, pela primeira vez, o 20 de novembro será feriado nacional e precisamos firmar este momento no calendário de lutas. A universidade é um espaço fundamental para essas discussões, e eventos como o Novembro Negro reúnem a comunidade, trazendo reflexões que impulsionam transformações reais na sociedade”, ressaltou Daiana.
Estudantes, professores, servidores técnico-administrativos, gestores de unidades e membros do movimento negro participaram da solenidade, que também trouxe uma performance artística do multiartista Gio Wilker. Sua apresentação trouxe uma abordagem profunda e simbólica sobre identidade negra, racismo e as lutas sociais, provocando reflexões essenciais sobre o contexto atual, encerrando o dia com chave de ouro.
Além das atividades no anfiteatro, a Unidade Móvel do Centro Nelson Mandela esteve presente no campus da UEFS durante todo o dia, realizando um importante trabalho de divulgação e esclarecimento sobre a política de promoção da igualdade racial no estado da Bahia. A unidade móvel percorre diversas cidades e festas populares no estado, contribuindo para ampliar a recepção de denúncias de racismo e intolerância religiosa.
O Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Nelson Mandela (CRNM), vinculado à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), oferece apoio psicológico, social e jurídico às vítimas de racismo e intolerância religiosa na Bahia. Além disso, conta com a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, especializada em relações étnico-raciais, com mais de mil obras que abrangem temas acadêmicos, técnicos e literários, acessíveis para todas as idades, reforçando o compromisso com a educação e conscientização sobre as questões raciais no Brasil.
O evento destacou-se como um importante espaço de resistência, celebração e conscientização, fortalecendo a luta pela igualdade racial e pela valorização da cultura negra no país, e se estende até o dia 29 de novembro. Confira aqui a programação.
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